A instituição Escola vive hoje um momento de reflexão acerca de seu papel. Passou de autoritária, ou seja, baseada em verdades universais, estabelecendo regras sem reflexão de seus princípios, obediência acima de qualquer questionamento, relação professor-aluno baseada no poder e cumprimento das normas atrelado a um mecanismo penal, para uma escola permissiva. Ao mesmo tempo houve uma mudança significativa na estrutura da família - de patriarcal, constituída por familiares de diversos graus de parentesco que ofereciam modelos de identificação, para a família nuclear, anônima, isolada e desenraizada de sua origem.
Como então educar crianças e jovens para liderarem com as maravilhas e as ameaças que os novos tempos carregam? Mais: como educar a nós mesmos para nos desfazermos de ideias, conceitos, valores, formas de pensamento e de comportamento que não mais têm lugar atualmente?
Não podemos viver no saudosismo da estrutura familiar vivida até a década de 60. Atualmente pai e mãe tem ampla jornada de trabalho e/ou estudos, buscam suprir demandas do mundo consumista, vivem excesso de informações e, não raro, são permissivos na tentativa de não perder tempo com exigências do processo educativo. Portanto, adultos com amplos sintomas sociais que, muitas vezes, não são identificações estruturantes para seus filhos.
Essa é a realidade dos alunos que chegam à nossa escola. Nós, professores e também pais, vivemos intensas e profundas transformações e estamos, portanto, no centro e na borda desse processo.
No Colégio Integral, reconhecemos que transmitir nesse emaranhado não é tarefa simples. O limite é o espaço de ação da criança e do adolescente, ou seja, a validação do adulto em relação a comportamentos, atitudes e sentimentos próprios de cada fase. Diferente do que permeia o senso comum, dar limite não está vinculado só ao "não", mas também às possibilidades. Em contrapartida, o "não" como ação restritiva deve ser usado sem medo, sempre que necessário.
Além disso, os comportamentos e as atitudes estão muitas vezes imbuídos de tristeza, raiva, medo, sentimentos que podem ser vividos pelo aluno e precisam ser compreendidos e suportados pelo adulto. Isso não significa dizer que, por estar com raiva, pode-se agredir física ou verbalmente alguém.
O espaço escolar não comporta a supremacia do desejo individual sobre o coletivo, nem a hegemonia de expressão coletiva em detrimento da expressão do indivíduo. Da constante tensão e negociação entre indivíduo e coletivo surge uma possibilidade de compreensão na qual a vontade coletiva não anula a individual e vice-versa.
Essas reflexões permitem enxergar nosso limite como escola.
* Artigo produzido pela equipe técnica do Colégio Integral (Curitiba - PR):
Profs. Jan Nowak Neto, Mariana Nogueira, Sandra Vieira de Almeida e Mariza Pan.
Retirado da Revista Aprendizagem
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